Bernardo Pires de Lima apresenta neste artigo uma opinião sobre as consequências para a Turquia da revolução Síria: Problemas Turcos
Também para Israel a questão é complexa. À partida poderá parecer evidente que com a perda por parte do Irão do seu maior aliado, a ameaça que constituirão o Hezzbollah e o Hamas no caso de um conflito entre Israel e o Irão será também diminuida. Mas a questão poderá não ser tão simples. A queda do governo de Assad poderá levar ao ressurgimento de conflitos com a Síria e representará também perda de controlo sobre o Hezzbollah. A potencial descentralização do poder na Síria poderá ter consequências para a Turquia, mas também para Israel. A atitude expectante de Israel durante grande parte destes tumultuosos meses será justificável, já que há diferentes interpretações das consequências da queda dos Alauitas. Parece evidente que o Irão ficará a perder, mas a desestabilização da Síria é um factor que não pode ser ignorado nem pela Turquia nem por Israel.
quarta-feira, 8 de agosto de 2012
A importância do ensino superior em Portugal
O ensino superior em Portugal tem merecido ampla discussão pública em virtude do altíssimo desemprego entre jovens licenciados (30%? 40 %), já para não falar em empregabilidade precária. Vários analistas, assim como uma significativa parte da população, conclui que temos licenciados a mais, e que se deveria limitar o acesso ao ensino superior.
Esta é uma questão que tem dimensão geopolítica, já que o nível educacional geral da população tem implicação directa nos tecidos empresarial e industrial, na estrutura económica, e na relação com parceiros económicos, e no nosso caso, políticos.
Portugal é um país europeu periférico, com poucos recursos, e de difícil acessibilidade terrestre. Nada de novo aqui. Portugal não tem alternativa senão consolidar a sua economia terciária. A fantasia de alguns de que turismo, agricultura e pesca poderão constituir o bastião da nossa economia não passam de isso mesmo: fantasias e, para mais, desinformadas. Isto numa economia de mercado, integrada no sistema internacional. Em matéria de produção não temos qualquer capacidade de competir, a não ser em áreas especializadas e produtos de valor acrescentado, com economias em desenvolvimento, cujos custos de produção são muito inferiores aos Portugueses.
Portugal tem de por definitivamente de lado a ideia clássica e ultrapassada do que representa ter um curso superior. Ser licenciado não dá qualquer direito a emprego garantido, ou a um chorudo salário. Não dá direito a nada! O que dá é conhecimento. Temperado com experiência, oferece know-how. E oferece também dinamismo intelectual. Ter um curso representa um valor acrescentado. Empregabilidade e salários altos estão relacionados com a maior ou menor procura de profissionais e a riqueza que estes produzem.
Fala-se muito na emigração de jovens qualificados, resultante do facto de não conseguirem emprego em Portugal. Vivo em Macau e vejo expatriados de vários países espalhados por Macau, Hong Kong, Singapura, etc. São Ingleses, Australianos, Americanos, Alemães... Isto para dizer que a mobilidade de agentes económicos é algo normal num mundo globalizado. Não é por acaso que vemos engenheiros e arquitectos Portugueses na Alemanha, França ou Inglaterra.
Mas os que ficam em Portugal representam uma mais valia preciosa para o país. Portugal tem hoje gente de qualidade técnica inquestionável. Temos em Braga o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. O INEGI no Porto a desenvolver trabalhos importantes, por exemplo em matéria de energias renováveis. Tudo com parcerias com a indústria. Pareciros do INEGI incluem a GALP, EFACEC, SONAE, AIRBUS, NASA e RENAULT.
Nada disto quer dizer que está tudo bem. Há licenciados que têm maiores dificuldades, por terem um universo mais limitado em termos de mobilidade. Um caso óbvio é o curso de Direito. Mesmo assim, um licenciado em Direito tem um universo vasto de aplicação do conhecimento adquirido. Não tem necessariamente de ser um advogado, ou jurista. Pode ser um empresário.
Outra questão é a qualidade de certas instituições de ensino. O caso recente dessa ignóbil porcaria chamada Universidade Lusófona (e outras) é demonstrativo dos negócios sujos que têm sido feitos à conta do ensino e de ilusões e equívocos de muita gente.
Nada do que aqui escrevo menospreza de forma alguma as pessoas que não são licenciadas. O seu contributo para a sociedade é igualmente válido. Apenas sublinho a importância que tem para um país desenvolvido ter uma apreciável percentagem da população com formação técnica que permita atingir os níveis de competitividade e produtividade necessários. Sobretudo no caso de Portugal.
Esta é uma questão que tem dimensão geopolítica, já que o nível educacional geral da população tem implicação directa nos tecidos empresarial e industrial, na estrutura económica, e na relação com parceiros económicos, e no nosso caso, políticos.
Portugal é um país europeu periférico, com poucos recursos, e de difícil acessibilidade terrestre. Nada de novo aqui. Portugal não tem alternativa senão consolidar a sua economia terciária. A fantasia de alguns de que turismo, agricultura e pesca poderão constituir o bastião da nossa economia não passam de isso mesmo: fantasias e, para mais, desinformadas. Isto numa economia de mercado, integrada no sistema internacional. Em matéria de produção não temos qualquer capacidade de competir, a não ser em áreas especializadas e produtos de valor acrescentado, com economias em desenvolvimento, cujos custos de produção são muito inferiores aos Portugueses.
Portugal tem de por definitivamente de lado a ideia clássica e ultrapassada do que representa ter um curso superior. Ser licenciado não dá qualquer direito a emprego garantido, ou a um chorudo salário. Não dá direito a nada! O que dá é conhecimento. Temperado com experiência, oferece know-how. E oferece também dinamismo intelectual. Ter um curso representa um valor acrescentado. Empregabilidade e salários altos estão relacionados com a maior ou menor procura de profissionais e a riqueza que estes produzem.
Fala-se muito na emigração de jovens qualificados, resultante do facto de não conseguirem emprego em Portugal. Vivo em Macau e vejo expatriados de vários países espalhados por Macau, Hong Kong, Singapura, etc. São Ingleses, Australianos, Americanos, Alemães... Isto para dizer que a mobilidade de agentes económicos é algo normal num mundo globalizado. Não é por acaso que vemos engenheiros e arquitectos Portugueses na Alemanha, França ou Inglaterra.
Mas os que ficam em Portugal representam uma mais valia preciosa para o país. Portugal tem hoje gente de qualidade técnica inquestionável. Temos em Braga o Laboratório Ibérico Internacional de Nanotecnologia. O INEGI no Porto a desenvolver trabalhos importantes, por exemplo em matéria de energias renováveis. Tudo com parcerias com a indústria. Pareciros do INEGI incluem a GALP, EFACEC, SONAE, AIRBUS, NASA e RENAULT.
Nada disto quer dizer que está tudo bem. Há licenciados que têm maiores dificuldades, por terem um universo mais limitado em termos de mobilidade. Um caso óbvio é o curso de Direito. Mesmo assim, um licenciado em Direito tem um universo vasto de aplicação do conhecimento adquirido. Não tem necessariamente de ser um advogado, ou jurista. Pode ser um empresário.
Outra questão é a qualidade de certas instituições de ensino. O caso recente dessa ignóbil porcaria chamada Universidade Lusófona (e outras) é demonstrativo dos negócios sujos que têm sido feitos à conta do ensino e de ilusões e equívocos de muita gente.
Nada do que aqui escrevo menospreza de forma alguma as pessoas que não são licenciadas. O seu contributo para a sociedade é igualmente válido. Apenas sublinho a importância que tem para um país desenvolvido ter uma apreciável percentagem da população com formação técnica que permita atingir os níveis de competitividade e produtividade necessários. Sobretudo no caso de Portugal.
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