Este blog é um de muitos dedicados à análise estratégica, sendo o campo de aplicação amplo: energia, ecónomia, política social, geopolítica, geoestratégia, política interna, política internacional, ciência política, história, sociologia, antropologia ... Todas estas áreas estão intimamente interligadas. E se há especialistas em cada uma delas, qualquer decisor terá de as encarar conjuntamente. Não se trata de uma questão de opção. Tal é a natureza dos estudos sobre política. Sociedades constituem sistemas altamente complexos, em que as mais variadas áreas em que a humanidade desenvolve as suas artes é parte integrante e influencia o "todo", do qual resulta e pelo qual é determinada a sua organização.
Em muitos casos tenta-se restringir a discussão a uma determinada área. Como é óbvio, quando se pretende analisar de uma forma mais elaborada, esta prática torna-se necessária, caso contrário a discussão divergiria ao ponto de se perder o foco na questão a ser tratada. No entanto, quando falamos, por exemplo, da União Europeia, recordamos o que levou à sua génese, os conflitos devastadores que caracterizaram a primeira metade do século XX, por sua vez relacionados com as guerras ideológicas herdadas do século XIX e a instabilidade das relações inter-estados na Europa no mesmo período, principalmente após a unificação Alemã sob a liderança Prussiana em 1871. Falamos também da "Nova Ordem Mundial" pós-1945 e o desafio que os Europeus encaravam de reconstruir um continente em ruínas e promover a necessária reintegração Alemã no "concerto das nações", vivendo no entanto sob o espectro da ameaça soviética. Falamos também do papel e da influência de uma Europa unida num mundo multi-polar.
Nos poucos exemplos mencionados, ficaram patentes os importantes papéis da história, da geopolítica, da ciência política e da segurança (e, obviamente, poderíamos enumerar muitas outras áreas) ao estudar a União Europeia. É importante ter isto presente quando, por exemplo, lemos artigos de economia que postulam a impraticabilidade do projecto Europeu, dados os desequilíbrios entre estados. Este género de análise é imperfeito. Um projecto da envergadura do europeu ultrapassa estes desequilíbrios. Sem, no entanto, menosprezar este aspecto económico, que é da maior importância. Mas o debate põe-se noutros termos: tem o projecto europeu raízes fortes o suficiente para que problemas como a presente crise financeira sejam geríveis?
Darei também algum ênfase ao papel de infraestruturas nos campos referidos anteriormente, não apenas por corresponder à minha área de formação, mas também porque existem muitos equívocos relativamente a este tema. Infraestruturas têm um papel fundamental no planeamento estratégico, constituindo também uma das grandes ferramentas dos estados de intervenção na economia.
"Ars Imperátória" é "estratégia" em latim, tema do blog.
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