segunda-feira, 23 de julho de 2012

União quê?

Há uns dias li um artigo em que se fazia uma justa homenagem a políticos que pela sua coragem, visão, determinação e bom senso, alteraram o rumo dos acontecimentos numa direcção que a história acabaria por mostrar ser a mais correcta. Um exemplo citado foi Gorbachev. E o analista perguntava: e se nessas alturas tivéssemos tido antes políticos como os actuais? Cujas acções são claramente condicionadas pelas suas implicações eleitorais?

No fundo a pergunta é de fácil resposta. É exactamente o que aconteceu nos anos 30 em Inglaterra, conforme detalhadamente narrado por Winston Churchill na sua seminal obra sobre a 2ª Guerra Mundial.

Lembrei-me disto ao ler esta notícia:
http://expresso.sapo.pt/saida-da-grecia-do-euro-e-possivel-e-ja-nao-assusta=f741466

É sabido que a Turquia deixou de ter pressa (e, talvez, até vontade) de passar a fazer parte da União Europeia (mais uma na lista de erros crassos da política europeia). Pergunto se o Egeu deixou de ser importante. É que se eu fosse Grego, perante isto, não só quereria deixar o Euro como desejaria também deixar a UE, mantendo apenas ligações económicas à semelhança da Turquia.

É que se a UE é isto, então realmente não interessará a (quase) ninguém.

2 comentários:

  1. Caríssimo,
    Acerca da Turquia: estamos a falar da União Europeia. Chama-se União porque os seus membros têm já uma homogeneidade cultural e de tradições políticas e querem também ter uma união económica e monetária. A Turquia, por muito que se diga Europeia, não o é nem culturalmente nem politicamente. O grande erro foi ter deixado que esta sequer se candidatasse à UE.
    Acerca da Grécia:houve na origem da moeda única uma promessa de benefícios que não escondia também uma série de exigências. A Grécia, esperando os benefícios, comprometeu-se com as exigências. A pergunta é: respeitou-as?

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  2. Caro Diogo, agradecia se definisses também a tua posição relativamente à inclusão de Estados dos Balcãs e do Leste (e, já agora, do Báltico). E se evocas questões culturais no contexto de uma identidade Europeia, certamente estarás contra uma União sem a Grécia.

    A Turquia é um Estado secular e democrático, com ligações e uma história indissociável do Mediterrâneo e da Europa Ocidental. Além de os Otomoanos terem ocupado durante séculos a Grécia, Bósnia, Sérvia, Albânia, Bulgária, Roménia, Hungria... Ninguém fingirá que são Europeus Ocidentais. Têm tradições e uma religião predominante diferente. Mas há muito em comum, incluindo interesses estratégicos.

    Quanto à culpa Grega, ninguém nega o seu mau governo e gestão. Mas os credores também são culpados, por mais que o queiras esquecer. Não ponho isso em causa. Mas apergunta que faço é "e agora?". Este caminho do "castigo com austeridade" está a resultar no que se vê. Ecónomia Alemã a cair há 6 meses consecutivos. E descida de ratings à espreita. A Grécia é culpada? A resposta já não interessa.

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